Hannibal ad portas!

Toda a gente quer alcançar a felicidade, embora em verdade ninguém conheça com toda a clareza o caminho que lá vai dar. Nos últimos meses, este blog tem servido para partilhar algumas sugestões culturais que me parecem úteis para encontrar a felicidade.

O nosso meio cultural tem vindo sendo conquistado pelo marxismo e correntes afins, as quais, a meu ver, não oferecem uma solução para os nossos problemas do dia-a-dia, mas antes criam a ilusão de uma felicidade fácil e imediata que acaba por conduzir ao desespero (vide e.g. a prevalência do consumo de psicofármacos na nossa sociedade).

Estas manobras mais ou menos descaradas têm passado pela posse dos meios de comunicação social e artística - partidos políticos, associações sindicais e outras civis e militares, cinema, literatura, filosofia, música, teatro, televisão, internet, e até religião - por parte de caudilhos indoctrinados que fazem uso desses meios para derrubar os três grandes pilares da nossa civilização: a moral judaico-cristã, a filosofia grega, e o direito romano.

Não admira portanto que se veja crescendo a ignorância acerca da nossa religião mais que bimilenar, pela nossa herança intelectual, substituída pelas "filosofias" (e até medicinas!) orientais (as quais, ainda que imbuídas de bons sentimentos partilhados pela maioria da humanidade, radicam na superstição e nada acrescentam às religiões europeias pré-cristãs polytheístas, dendrolátricas, e visceromânticas), e, finalmente, o atentado a certas instituições jurídicas como a intocabilidade da vida humana inocente ou o matrimónio.

Ora, acontece que o ocidente, sofrendo de um complexo de inferioridade histórico-cultural em relação aos outros povos, se coloca à mercê de quem dele se queira apoderar. Assim como no síndrome da imunodeficiência adquirida o corpo não reage perante cancros autofágicos e infecções oportunistas, também a cultura europeia fragilizada pela revolução cultural neomarxista não reagirá perante a geada moura já em curso, e sucumbirá.

De facto, o fenómeno já se chegou para cá do império romano do oriente (brrr, que frio!), e neste momento está em curso a tomada - demográfica, cultural, política, e bélica se necessária - de toda a Europa, da América do Norte, da América Latina e da nossa nação irmã Brasileira, da nossa vizinha Espanha, e até do nosso país.

Note-se que não estou contra a liberdade religiosa que cada um tem para decidir como deve perseguir a felicidade, nem contra as pessoas pacíficas que seguem determinada opção espiritual. Simplesmente, aquela religião, por aquilo em que se fundamenta, legitima e não consegue contrariar as minorias que surjam querendo aniquilar a nossa civilização, e a nossa liberdade.

Por esta razão, decidi juntar-me a um amigo num seu blog, e não mais terei tempo de aqui acrescentar conteúdos. Convido a minha meia dúzia de leitores mais ou menos esporádicos a usufruirem do que aqui se partilhou, quer nestas míseras mensagens, quer nos widgets à direita, quer no referido blog, proto-plataforma lusa anti-geada.

A vós, ó geração de Luso, digo,
Que tão pequena parte sois no mundo;
Não digo inda no mundo, mas no amigo
Curral de Quem governa o céu rotundo;
Vós, a quem não somente algum perigo
Estorva conquistar o povo imundo,
Mas nem cobiça, ou pouca obediência
Da Madre, que nos Céus está em essência :

Vós, Portugueses, poucos quanto fortes,
Que o fraco poder vosso não pesais;
Vós, que à custa de vossas várias mortes
A lei da vida eterna dilatais:
Assim do Céu deitadas são as sortes,
Que vós, por muito poucos que sejais,
Muito façais na santa Cristandade:
Que tanto, ó Cristo, exaltas a humildade!

Vede-los Alemães, soberbo gado,
Que por tão largos campos se apascenta,
Do sucessor de Pedro, rebelado,
Novo pastor, e nova seita inventa:
Vede-lo em feias guerras ocupado,
Que ainda com o cego error se não contenta,
Não contra o soberbíssimo Otomano,
Mas por sair do jugo soberano.

Vede-lo duro Inglês, que se nomeia
Rei da velha e santíssima cidade,
Que o torpe Ismaelita senhoreia,
(Quem viu honra tão longe da verdade?).
Entre as Boreais neves se recreia,
Nova maneira faz de Cristandade:
Para os de Cristo tem a espada nua,
Não por tomar a terra que era sua.

Guarda-lhe por entanto um falso Rei
A cidade Hierosólima terrestre,
Enquanto ele não guarda a santa lei
Da cidade Hierosólima celeste.
Pois de ti, Galo indigno, que direi?
Que o nome Cristianíssimo quiseste,
Não para defendê-lo, nem guardá-lo,
Mas para ser contra ele, e derrubá-lo!

Achas que tens direito em senhorios
De Cristãos, sendo o teu tão largo e tanto,
E não contra o Cinyphio e Nilo, rios
Inimigos do antigo nome santo?
Ali se hão-de provar da espada os fios
Em quem quer reprovar da Igreja o canto.
De Carlos, de Luís, o nome e a terra
Herdaste, e as causas não da justa guerra?

Pois que direi daqueles que em delícias,
Que o vil ócio no mundo traz consigo,
Gastam as vidas, logram as divícias,
Esquecidos de seu valor antigo?
Nascem da tirania inimicícias,
Que o povo forte tem de si inimigo:
Contigo, Itália, falo, já submersa
Em vícios mil, e de ti mesma adversa.

Ó míseros Cristãos, pola ventura,
Sois os dentes de Cadmo desparzidos,
Que uns aos outros se dão à morte dura,
Sendo todos de um ventre produzidos?
Não vedes a divina Sepultura
Possuída de cães, que sempre unidos
Vos vêm tomar a vossa antiga terra,
Fazendo-se famosos pela guerra?

Vedes que têm por uso e por decreto,
Do qual são tão inteiros observantes,
Ajuntarem o exército inquieto
Contra os povos que são de Cristo amantes;
Entre vós nunca deixa a fera Aleto
De semear cizânias repugnantes:
Olhai se estais seguros de perigos,
Que eles e vós sois vossos inimigos.

Se cobiça de grandes senhorios
Vos faz ir conquistar terras alheias,
Não vedes que Pactolo e Hermo, rios,
Ambos volvem auríferas areias?
Em Lídia, Assíria, lavram de ouro os fios;
África esconde em si luzentes veias;
Mova-vos já sequer riqueza tanta,
Pois mover-vos não pode a Casa Santa.

Aquelas invenções feras e novas
De instrumentos mortais da artilharia,
Já devem de fazer as duras provas
Nos muros de Bizâncio e de Turquia.
Fazei que torne lá às silvestres covas
Dos Cáspios montes e da Cítia fria
A Turca geração, que multiplica
Na polícia da vossa Europa rica.

Gregos, Traces, Arménios, Georgianos,
Bradando-vos estão que o povo bruto
Lhe obriga os caros filhos aos profanos
Preceptos do Alcorão (duro tributo!)
Em castigar os feitos inumanos
Vos gloriai de peito forte e astuto,
E não queirais louvores arrogantes
De serdes contra os vossos muito possantes.

Mas, entanto que cegos e sedentos
Andais de vosso sangue, ó gente insana,
Não faltarão Cristãos atrevimentos
Nesta pequena casa Lusitana:
De África tem marítimos assentos,
É na Ásia mais que todas soberana,
Na quarta parte nova os campos ara,
E se mais mundo houvera, lá chegara.

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